quarta-feira, 10 de junho de 2020

RIO DAS OSTRAS - QUEM SEGURA ESSES ASSESSORES?



Há mais de dois mil anos, o filósofo grego Platão já indicava: “Os sábios falam porque têm algo a dizer; os tolos porque têm que dizer algo”. Em tempos de profusão de declarações desencontradas, a frase de Platão serve de alerta aos secretários e assessores do prefeito Marcelino da Farmácia (PV). Tornou-se preocupante a quantidade de frases e declarações poucos democráticas e nada republicanas dadas por membros do governo municipal. Nos corredores ainda esvaziados da Câmara de Vereadores em recesso pela pandemia de COVID-19, circula a piada de que o governo lembra o clássico do cinema “Loucademia de Policia”.

As crises desnecessárias e o bate-cabeças entre os secretários e a população começam a gerar preocupação entre os aliados do governo, que temem os efeitos da ausência de uma linguagem uniforme e clara para a população numa gestão que está sendo marcada por um discurso que busca sempre o culpado e nunca apresenta alternativa de solução. Em menos de dois anos de mandato, os secretários de Marcelino entraram em polêmicas absolutamente inúteis trazendo para o epicentro do governo uma sensação de amadorismo e desconhecimento da máquina pública. Um vereador da base governista admitiu que “se nem Marcelino controla seus secretários, vai ser complicado segurar os vereadores”.

Reprodução: Facebook
Entre os assessores que provocaram as maiores polêmicas, a mais notória é a Secretária de Turismo, Aurora Siqueira. Empresária do ramo de pizza, a secretária atiçou a ira de movimentos ao dar vários indicativos de que não vai trabalhar para garantir o respeito na relação com a população, ao pronunciar frases que parecem reforçar somente uma única visão, a sua. “Eu teria vergonha de ter ido ao show”, disse ela se referindo à apresentação de Sandra de Sá durante o SESC Verão 2020. “Afinal foi Marcelino que proporcionou isso. Mais amor amiguinhos, vamos deixar de ser lixo”, emendou. As frases ganham significado mais forte ao expressarem a forma como uma servidora faz a gestão da área que justamente engloba as políticas de turismo e desenvolvimento econômico, sugerindo a separação de segmentos da sociedade que se opõem ao modelo de gestão adotado pelo prefeito Marcelino.
Em outro episódio sugeriu eletrocutar a água do lago na Praça da Baleia para impedir que visitantes, na maioria crianças, não se banhasse nele. Sua declaração desastrosa  ganhou a mídia nacional obrigando-a se retratar com a população que revoltada exigia sua saída da função no governo.

Reprodução: Facebook

A presidente da Fundação de Cultura, Cristiane Regis segue na mesma linha que privilegia esse discurso antidemocrático em detrimento de propostas concretas. Em sintonia com as ideias da Secretária de Turismo, Cristiane Regis, parece se esforçar em identificar assombrações que talvez sejam apenas manifestação do contraditório, pelo menos na dimensão em que são mencionadas. Cristiane Regis sugere aos cidadãos o famoso “incomodados que se mudem” quando usa a rede social para responder reclamações de coisas como, a quantidade de mendigos e pessoas usando drogas na Praia do Bosque, da qualidade dos bancos de madeira instalados na praia e da qualidade do serviço de saúde prestado no Hospital Municipal. “Quando for ao Bosque leva sua cadeira não precisa usar o banco. Hospital? Realmente segue meu conselho ... se mude, escreveu em forma de resposta ao comentário do cidadão.

A última "Pérola Marceliriana" foi dita pelo Assistente da Secretaria de Obras, Felipe Marinheiro, numa crítica ao Vereador Marciel Gonçalves (PL). 
Num vídeo publicado no dia 09/06, o vereador fala da necessidade de se tomar atitudes mais contundentes contra a empresa BRK, que cuida da coleta de esgoto e contra a CEDAE, que cuida da distribuição de agua potável, fazendo no mesmo vídeo menção a importância da criação do SAAE – Serviço Autônomo de Agua e Esgoto. 
Incomodado com a fala do vereador, o Assistente da Secretaria de Obras comentou, “Porque a criação de uma autarquia que nunca serviu pra p*** nenhuma?”, além do uso de vocabulário chulo, da demonstração da falta de respeito que uma relação institucional deve ter e a falta de ética com os servidores daquela autarquia, a declaração de Felipe Marinheiro abre uma outra discussão. Se a autarquia não tem razão de existir, por qual motivo ostenta em sua estrutura dezenas de cargos comissionados e de profissionais aprovados em concurso público específico recente?

Reprodução: Facebook
Alguns pronunciamentos dos que cercam o prefeito Marcelino acendem um preocupante sinal amarelo. Essas questões passam uma impressão de desconhecimento e incerteza sobre tudo e é ruim para todos. 
Como rezava Platão, há momentos em que é muito melhor ficar calado.