sábado, 14 de julho de 2018

POLÍTICA - Polarização PT x PSDB é ameaçada pela primeira vez desde 1994


A polarização PT x PSDB, que vigora desde 1994 nas disputas presidenciais e que este ano pode ser superada, vem perdendo força desde 2010. A votação no PT em eleições presidenciais, após atingir seu ápice no primeiro turno de 2006, quando Lula se reelegeu, vem encolhendo desde o pleito de 2010. Em relação ao PSDB, embora de 2010 a 2014 a votação tucana no primeiro turno tenha ficado estável, houve uma perda considerável em relação à registrada por Geraldo Alckmin em 2006.

Paralelamente à queda da votação no PT e à estagnação dos votos no PSDB nas duas últimas eleições presidenciais, é possível verificar, a partir de 2010, um crescimento na soma dos votos fora da polarização.

De 2006 a 2014, esse percentual de votos válidos subiu mais de 15%. Ou seja, não por acaso hoje as intenções de voto em Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (REDE) e Ciro Gomes (PDT), por exemplo, estão bem acima do registrado por Geraldo Alckmin (PSDB) e pelas opções do PT alternativas ao ex-presidente Lula (Fernando Haddad e Jaques Wagner). Nos cenários sem Lula, a soma das intenções de voto em PT e PSDB contabiliza pouco mais de 10%.

A atual crise do sistema político tradicional, protagonizada por petistas e tucanos, pode ser uma explicação para o encolhimento nos índices dos dois principais partidos do país, ao lado do MDB. Mas não devemos deixar de observar que a queda de votos no PT e no PSDB é resultado de um processo que não começou hoje. Isso não significa que um novo embate entre petistas e tucanos não possa se repetir em outubro. Porém, o histórico eleitoral e a conjuntura atual mostram que os polos organizadores de nosso sistema político (PT, PSDB e MDB) passam por uma crise que pode significar o fim de um ciclo.

Fonte: Datafolha 6 e 7 de junho de 2018.